sexta-feira, 30 de março de 2018

50. 50 Fatos Sobre Mim (Parte 2)


Continuação de 50 Fatos Sobre Mim (Parte 1)



Parte 2 — Fatos mais pessoais sobre mim:


XXVI — Assim que eu nasci, eu fiz um som semelhante a um miado. Uma das enfermeiras até disse para a minha mãe que ela não teve um menino, mas um gatinho. Pois é. Isto não me impediu de levar umas tapinhas na bunda para chorar depois. A vida não é fácil.
XXVII — Eu já fui muito magro. Magro de rosto chupado, mesmo. Não me achava bonito nesta situação. Apesar de ter engordado um tanto e depois ter virado sedentário e depois diabético, eu prefiro o meu visual um pouco mais cheio. Eu me achava muito feio quando era magricela.
XXVIII — Meu prato favorito é lasanha.
XXIX — Detesto jiló. Porque sim.
XXX — Não sou vegetariano, ainda não, mas eu não tenho a menor dificuldade em não consumir carne. Gosto do sabor da carne, mas não sou fissurado por comê-la em todas as refeições.
XXXI — Não gosto de beijos com hálito de chiclete. Considero um tanto infantilizado, na falta de uma palavra melhor. Com hálito doce, gosto de beijos com hálito de bala tipo drops.
XXXII — Eu já quis ser gótico, mas logo descobri que não conseguiria levar o estilo adiante. Mesmo assim, sou um apreciador da cultura gótica e também de sua estética.
XXXIII — Raspo a cabeça desde os quinze anos, quando ainda não era moda. A primeira vez se deu quando eu resolvi mexer no meu cabelo e o estraguei e tive de raspar. Pensei que zombariam de mim, mas isto não aconteceu, e eu havia gostado do resultado. Então usei esse visual como uma forma de me rebelar ao não me encaixar esteticamente aos grupinhos na escola, e depois como uma simples questão de gosto. Não pertenço ao grupo dos skinheads, como muitos devem ter pensado até agora.
XXXIV — Mas não mantive a cabeça raspada logo de primeira. Primeiro, depois de ter raspado, deixei o cabelo crescer por um ano; ficou uma porcaria e desisti da ideia. Eu me lembro de ter tentado mais um penteado antes de me render à cabeça raspada. É tão bom não ter que arrumar o cabelo.
XXXV — Meu gênero favorito de música é o rock, porém sou aberto a gostar de sons de outros gêneros, desde que me agradem (por diferentes razões).
XXXVI — Minhas bandas favoritas são Pink Floyd e Alice in Chains. Gosto muito de canções com sonoridade hipnótica, e considero que ambas as bandas me proporcionam experiências imersivas muito hipnóticas.
XXXVII — Meus gêneros favoritos no cinema são suspense, terror/horror e drama, assim como nos livros. Meus filmes favoritos de terror são O Exorcista e O Bebê de Rosemary (o primeiro pelo que mostra e o segundo pelo que não mostra). De drama eu já não sei dizer quais são meus favoritos, pois sempre mudam. Um de meus livros favoritos é IT, de Stephen King, que mistura os gêneros. Aliás, por causa dos filmes de terror que eu assistia em demasia quando mais jovem, por não ter muito dinheiro para variar nos filmes que eu alugava, eu tenho quase certeza que meu pai pensava que eu deveria ter algum problema. (Risos)
XXXVIII — Atualmente, eu tenho dois cães de estimação: uma fêmea (Dachshund, ou salsichinha) e um macho (um labrador, eu acho). Não tive cães ou gatos até o início da minha vida adulta.
XXXIX — Eu não choro com facilidade, mas quando o choro vem, vem de uma vez, numa torrente emocional.
XL — Apesar da minha obsessão com a Morte, meu maior medo não é o de morrer, mas de morrer sem ter vivido plenamente, sem ter encontrado meu propósito aqui, seja lá qual for.
XLI — Fui diagnosticado com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) aos vinte anos, apesar de já ter se manifestado ao longo do meu desenvolvimento, desde a infância. Não é fácil ter de lidar com isto, mas ainda consigo me controlar razoavelmente bem sem ter de recorrer à medicação.
XLII — Faço terapia desde 2011. A primeira durou pouco menos de três anos. Estou na segunda terapia, iniciado em abril de 2017. Eu gosto. Tem me feito bem. Há quem diga que fazemos terapia para ter de lidar com quem deveria fazer terapia e não faz por pensar que é frescura. É claro que isto é uma fatia mínima do que é fazer terapia, mas faz sentido.
XLIII — Apesar de eu ser conhecido por minha inteligência (apenas acima da média, nada genial), às vezes eu gostaria de ser mais ordinário e simples; não um completo ignorante simplista, mas alguém que não pensasse tanto o tempo todo e conseguisse viver experiências aleatórias mais plenamente, sem maiores preocupações.
XLIV — Dormir é o que eu mais amo fazer. É claro que eu tento não dormir em excesso e perder meu dia. Gosto de dormir para recarregar as baterias e também como um meio de relaxar quando estou com a cabeça muito cheia. Gosto de sonhar.
XLV — Sobre meus sonhos, dois fatos em um: eu normalmente sonho com o cotidiano e dificilmente tenho sonhos mais fantasiosos (costumo sonhar mais assim de olhos abertos); e meus sonhos costumam ser lúcidos e quase sempre eu sei que estou sonhando e consigo moldar meus sonhos à minha vontade.
XLVI — Eu sou daquele tipo de pessoa que só sai de casa se tiver um bom motivo. A não ser para fazer caminhadas (não frequentes, devo confessar) ou idas à praia para tomar um bom banho de mar ou ainda ver pessoas que eu gosto, eu não gosto muito de fazer saídas ou passeios aleatórios.
XLVII — Meu maior trauma de infância aconteceu na noite do meu sexto aniversário, em que eu me acidentei batendo minha cabeça, fui parar no hospital, vi um homem com a cabeça aberta no pronto-socorro, voltei para casa, e na hora de cantar parabéns, um garoto que minha avó costumava cuidar, aproveitando-se do meu atordoamento com toda aquela situação, apagou a minha vela. Ele apagou minha vela! Isto me traumatizou e não esqueço até hoje.
XLVIII — Eu queria ter tido pelo menos um irmão com quem eu pudesse dividir minhas coisas ou brigar pelo controle remoto ou pela vez em jogar videogame. Ser filho único é muito solitário.
XLIX — Apesar de muito incomodado com a solidão, eu gosto muito de ter meus momentos mais sozinho, fazendo coisas por minha conta. É claro que eu gostaria de ter boas companhias para fazer coisas legais juntos, mas como não tenho, tenho o hábito de ter esses momentos comigo mesmo.
L — Antes de ser escritor, eu já quis ser professor (gostava de brincar de escolinha), veterinário e até detetive.


Fato Extra: Dois tipos de piada me fazem rir bastante: as ruins e as absurdas — não absurdas no sentido de reprováveis, mas de surreais, inesperadas. Também gosto de fazer piadas autodepreciativas, pois rir de mim mesmo torna a vida mais fácil de lidar. A vida pode ser dura, mas apesar dos pesares, ainda vale a pena acordar para um novo dia e rir de cada nova dificuldade superada.


Quero agradecer aos leitores que me acompanharam até aqui, e também aos novos leitores. Eu não escrevo apenas para mim, por isso agradeço aos retornos que tenho, suas mensagens, seus compartilhamentos. Gosto de deixar por escrito o pouco que sei sobre qualquer coisa, e espero que as mensagens aqui neste blog toquem seus corações como têm tocado o meu próprio ao escrevê-las. Muito mais vem por aí. Não percam!
Um forte abraço para todos.

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terça-feira, 27 de março de 2018

49. 50 Fatos Sobre Mim (Parte 1)



Parte 1 — Fatos sobre o blog, sobre ser um escritor e sobre como algumas ideias nasceram:


I. Sou um tanto preguiçoso e indisciplinado.
Fim.
...
Não. Vou continuar.
II. The White Box of Wonders (A Caixa Branca das Maravilhas) — como meu blog é chamado — refere-se ao meu quarto no apartamento em que minha família e eu morávamos — que, aliás, era todo branco. Como eu passava boa parte do meu tempo no quarto, a sensação era de eu estar dentro de uma caixa branca, vivendo num mundinho. Também faço uma associação da figura da caixa branca com a minha mente: nas paredes era possível rabiscar à vontade com o lápis, assim como minha mente vive inquieta de ideias, que preciso pôr para fora da caixa (da mente) por meio dos textos. Deu para entender? Nem eu entendi. O nome não faz muito sentido hoje, mas assim ficou.
III. Rabisco desde pequeno. Escrevo desde os dezesseis.
IV. Muitos dos meus textos neste blog são autobiográficos ou são reimaginações fantasiosas da minha realidade. Não todos, é claro; muitos são frutos de observação generalizada do comportamento humano e são pensados num formato ficcional. Tento ser criativo em como abordar certos temas.
V. Naturalmente, eu gosto muito de ler. Leio desde criança, mas foi na adolescência que realmente adquiri o hábito.
VI. Há textos meus que considero melhores que estes, mas considero Presença e Presença (II) os mais marcantes. São meus textos mais pessoais.
VII. Muitos não sabem, mas eu tive um relacionamento sério por dois anos. Era à distância, porém a gente se via bastante. Terminamos, mas não por brigas. Infelizmente, os caminhos se separaram. Este relacionamento foi uma das minhas grandes inspirações para o início do blog.
VIII. Além do blog, tenho um projeto pessoal como autor ficcional. Apenas me falta ter um pouco mais de disciplina para conciliar meus projetos.
IX. Também escrevo contos e tenho planos para escrever noveletas, novelas e romances.
X. Minhas principais inspirações como autor deste blog são Chuck Palahniuk (autor de Clube da Luta), em relação a alguns temas, Clive Barker (autor de Hellraiser), no lirismo contido na prosa em alguns de meus textos e Lourenço Mutarelli (autor de O Cheiro do Ralo), nos textos mais curtos e mais voltados à loucura humana.
XI. Stephen King foi quem me fez ter ainda mais vontade de ser um escritor. Eu acho que pela capacidade que ele tem de ser popular e, ao mesmo tempo, abordar questões humanas com uma sensibilidade impressionante. Ele sabe muito bem como desenvolver personagens.
XII. Sou um sujeito muito sério. Não consigo sorrir à toa quando estou caminhando sozinho pelas ruas. Mas sou o homem com o sorriso mais fácil que existe. Basta contar uma piada ou fazer eu me sentir à vontade, que me descontraio sem maiores dificuldades. Esta foi a minha inspiração para a Síndrome de Hiena, assim como os piadistas de cinema.
XIII. Com o tempo eu tentei não me influenciar tanto pela prolixidade da escrita de Stephen King — falhando muitas vezes nestas tentativas, é claro. Escrever os textos reflexivos para o blog me ajudou a exercitar a objetividade nas ideias; isto influenciou até na produção de contos, que sempre ficavam um pouco mais longos.
XIV. Também inspirado em Stephen King, gosto de conectar meus textos como se fizessem parte de uma ideia maior. Eu sei que provavelmente não foi Stephen King quem inventou isto, mas foi o primeiro autor que eu li que fez algo semelhante em conectar suas histórias como parte de um mesmo universo.
XVI. Sou cristão e costumo inserir simbolismos religiosos em boa parte dos textos, mas faço de uma maneira em que sejam assimilados por cristãos e não cristãos. Tento não excluir ou alienar meus leitores com as minhas ideias.
XVII. Meus temas favoritos são a própria vida, a morte, o cotidiano, a loucura, o amor e a falta dele. São temas muito recorrentes, pois fazem parte da vida real, que muitas vezes pode ser mais fascinante que a ficção. É a ficção da vida.
XVIII. Apesar de tentar não excluir ou alienar meus leitores, meus textos possuem pelo menos dois níveis diferentes de compreensão. Tento fazer os leitores entenderem a mensagem principal; mas, considerando que certos textos são autobiográficos, aqueles que conhecem minha história com maiores detalhes conseguem captar algumas nuances ou camadas extras.
XIX. Costumo ouvir música enquanto escrevo. As músicas costumam ditar o ritmo dos meus textos. Isto também explica o meu gosto por rimas e pequenos “refrãos”, também herança do estilo de Chuck Palahniuk como inspiração. Tento não exagerar, é claro. Busco ter minha própria “voz”.
XX. Quando quero escrever sem pressa e englobar o máximo de detalhes possíveis num texto, eu costumo escrever como quem monta um quebra-cabeça, escrevendo os trechos de maneira não linear, mas montando o texto imaginando a ordem dos tópicos e em qual parte tal trecho entrará. Isto me permite acrescentar e cortar ideias conforme escrevo e também me ajuda a tornar o ritmo do texto homogêneo; pois a minha tendência é de iniciar o texto com mais ânimo e depois ficar cansado, mas ao escrever as partes fora de ordem e distribuí-las nesta montagem estilo quebra-cabeça, não se nota o cansaço no texto. Bom, creio que na maioria das vezes consegui trabalhar bem este efeito. Mas ultimamente eu tenho escrito de maneira mais linear, apesar de minhas ideias não seguirem uma linearidade em muitos casos. Depende da inspiração. Se eu estiver trabalhando um texto mais complexo, costumo recorrer ao recurso da montagem de quebra-cabeça.
XXI. Presença (II) é um exemplo de texto que foi montado desta maneira. Aliás, foi um dos textos mais trabalhosos, por mais simples que ele pareça ao leitor. Mas eu fui descobrindo ao longo da escrita o que entraria ou sairia, resultando num texto que gosto muito.
XXII. Não lembro quando foi que comecei a numerar os textos, mas aqui vão algumas razões para numerá-los: foi uma ideia que tive para os leitores encontrarem os textos mais facilmente, ainda que eu não use o blog como um diário, mas como um espaço para concentrar textos mais elaborados; também foi um meio que encontrei para eu mesmo me sentir organizado e menos aleatório na elaboração das ideias, mesmo que a numeração não influencie diretamente na escrita. Manias.
XXIII. O primeiro Presença teve esse título inspirado no título de um texto comovente de um amigo, de título Ausência, falando de luto e da ausência da pessoa amada, situação semelhante à minha. Foi este amigo que me inspirou a criar o blog. Ou seja, ele foi minha outra inspiração para o início de tudo.
XXIV. Os quatro primeiros textos foram colados de postagens minhas no Facebook, incluindo Presença, escrito dois meses antes da criação do blog.
XXV. Evito escrever quando não tenho algo importante a dizer.




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terça-feira, 20 de março de 2018

48. Luz e Morte das Estrelas



Nenhum deles pode atravessar a avenida, com o rosto parcialmente escondido sob o pôr do sol ou o brilho das estrelas, que logo viram notícia. O horóscopo disse algo sobre a sorte mudar no dia de hoje. Basta terem dito que queriam ter um tempo para eles, longe dos olhos famintos da multidão e das lentes voyeurísticas das câmeras. Tudo mudaria. Consequência de serem pessoas públicas. Afinal, não pediram por esse tipo de vida?
São responsáveis pelo que pensam milhares de homens e mulheres de quem nunca ouviram falar. Pelo modo como se vestem, definindo o que e como devem comer, qual crença devem alimentar, qual vida devem escolher, mesmo quando não há tantas opções assim. As pessoas comuns apenas querem sentir um alívio momentâneo escutando as vozes das estrelas sob a estática que preenche o mundo.
Mesmo o anônimo de hoje precisa cuidar das ideias que deseja perpetuar, para o caso de amanhã estar sob os holofotes sendo uma estrela ou apenas um anônimo que disse algo fora de tom.
O famoso pode não ter dito qualquer coisa realmente comprometedora; talvez tenha composto a letra simples de uma canção ou apenas escreveu uma carta pública para os fãs, mas alguém resolveu interpretar como se fosse a mensagem de um dos cavaleiros do Apocalipse para o mundo.
Entre roupas escolhidas por outros, grifes de maquiagens e cosméticos que eles não usam, entre viagens intermináveis, com pequenas fugas no álcool e no pó branco quando ninguém está olhando, e a quase total ausência de livre-arbítrio em prol da imagem que devem levar quando não tem como se desviar dos olhares, eles ainda têm de ouvir que devem levar uma vida fácil, cheia de luxos e mimos, de terem o direito de fazer tudo o que quiserem.
Nesta vida, eles são vistos como produtos, meros códigos de barra no mundo da fama.
Se eles salvam a vida de filhos de pais mortos na guerra, se fazem qualquer bem sem verem a quem, se doam um pouco de seu tempo e atenção para causas que não envolvem o próprio umbigo, mesmo que anonimamente, todos estarão sabendo; às vezes, antes que os próprios saibam.
Se eles estão certos estão errados; se estão errados estão certos quando os recordes foram batidos, quando os gritinhos histéricos ultrapassaram a barreira das paredes. Às vezes, mas somente às vezes, se estão errados, eles estão mesmo errados. A sorte muda da noite para o dia. Um olho no cão e outro no gato.
À noite, deitam a cabeça no travesseiro e suspiram aliviados. Um lembrete de sua humanidade, um fiapo de humanidade que irá durar por apenas algumas horas, antes de serem puxados de volta. Querem andar entre as prateleiras sem serem notados, ou, pelo menos, sem exaltações. Eles e elas são gente como a gente, diz aquele programa de fofoca.
Se as pessoas querem mesmo saber de suas vidas, a autobiografia não autorizada, mas assinada em seu nome, contará tudo o que querem saber. Verdades e mentiras devidamente pesquisadas. Verdades e rumores desmentidos milhares de vezes, tudo estará ali. Se não quiser ler, espere quando sair o filme.
Alguns famosos continuam anônimos, mesmo quando contribuíram muito com o que outros não chamam de trabalho. Na semana seguinte, um novo “famoso quem” toma o lugar de outro alguém que não conseguiu largar de suas influências e raízes. Sabe como é: o moderno esmaga o velho. Capa de vinil vazia jogada na calçada, molhada pela chuva. Dias de glória esquecidos.
O brilho apagado dos olhos daquele que manteve a corda no pescoço a vida toda, a metade de um limão caído aos pés, dinheiro no cofre, fezes e urina no tapete branco, o resto de um rastro de pó sobre o tampo de vidro. Depressão ou asfixia auto-erótica? Overdose ou homicídio, um crime passional tingindo a porcelana branca de sangue?
Morreu cego depois de ter contribuído com sua visão de mundo, nas fotografias, nas pinturas, nas canções, na prosa e na poesia. Morreu desconhecido por aqueles que não o procuraram num vídeo na internet ou por não ter aparecido num conhecido programa de TV. Morreu cego, surdo e mudo quando se isolou para fugir da loucura.
Morreu depois de dar tudo de si, sem nunca ter sido o bastante. Morreu sem ter liberdade de ser quem é, sem ter de ser quem é o tempo todo. Sem carregar o peso de um nome que não é nem o próprio.
Mais uma estrela se apagou.

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sexta-feira, 16 de março de 2018

47. Nos Olhos, a Verdade


Palavras podem sussurrar as mais belas e doces mentiras, mas em seus olhos é possível encontrar a verdade. No ritmo de sua respiração, no tremor de sua carne, nas palavras não pronunciadas, no calor do seu abraço, no modo como nossos olhos se encontram: em tudo o mais posso enxergar as intenções do coração acima das razões da mente.
Posso ver a sinceridade em seus sentimentos.
A vida obstruiu de mim a luz no fim do túnel, e lançou-me, sem rumo, no tabuleiro confuso de um jogo com regras cruéis. O amor se esfriou entre os jogadores, e eu aprendi a guardar o amor para mim, nas profundezas do meu espírito inquieto. Depois de tanto tempo, algum dia eu aprendi a seguir as regras do jogo, mas o meu grande trunfo sempre esteve guardado comigo.
Sob o luar dos amantes, este lobo solitário vagou pelas sombras e eventualmente encontrou fatias de amor, aqui e ali, mas não pôde se entregar outra vez de corpo e alma aos sentimentos que me traziam a dor da distância.
Guardei-me por muito tempo numa caixa, na proteção de minha concha aparentemente indestrutível, sempre tentando seguir em frente, mas sem conseguir sair do lugar. Mãos bondosas tentaram me ajudar, mas as sombras me puxaram e tentaram me partir em pedaços, ocultando-me sob meus próprios pensamentos. Nem a luz do luar poderia me tornar visível aos rostos que brilhavam à minha procura.
Peguei medo da vida, assim como peguei medo da morte. O amor que ainda sentia — e ainda sinto — ainda tem sido meu guia, para me manter são e salvo, apesar do tempo e dos medos que me consomem. O amor que esteve procurando por seu rosto. Para fora da escuridão.
Cansei de estar cansado de tudo. Cansei de pensar que o amor machuca, quando sei que isto não é verdade; mas não é o que dizem as mais belas canções de amor.
Você quer mesmo tentar? Sou apenas um homem. Seria um enorme clichê dizer que não sou perfeito, mas eu não sou perfeito.  Se tiver certeza de que quer mesmo tentar, escreveremos uma nova história, aquela que já estamos escrevendo desde o primeiro momento em que nos procuramos. Dê-me a sua mão para fugirmos juntos desta frieza que domina o mundo lá fora. Juntos, iremos construir um novo mundo. Um mundo inteiramente nosso.
Minhas palavras podem ser interpretadas com desconfiança, mas em meus olhos poderá ver a verdade.
Costumo temer encontrar os olhos das outras pessoas, mas me atento ao movimento dos lábios e ao que dizem. Ajude-me a olhar em seus olhos, a ver a verdade e o reflexo do luar e do meu rosto sorridente, assim como saberá, em meus olhos, a verdade. Não apenas nos olhos, mas em tudo o mais que as palavras não conseguem expressar com eloquência.
Vamos ouvir nossa própria música, senti-la vibrar dentro da gente, quando nós estivermos juntos, sendo um único ser, e também nos momentos de saudade, seja entre uma visita ou outra, entre uma breve saída ou outra.
Serei eu a luz no fim do túnel em que você também esteve percorrendo, assim como eu, nesses últimos tempos? Você será a minha luz?
Em seus olhos posso enxergar a intensidade de seus sentimentos, nas lágrimas derramadas, no sorriso que aos poucos eu vejo se formar. Você, assim como eu, tem suas inseguranças, mas temos nos permitido. Em nossos desejos, em nossos anseios, em nosso tempo de construção de uma nova história, no conhecimento de nossas virtudes e defeitos, no companheirismo que virá conforme nos permitimos.
Se quiser mesmo tentar, um dia não poderemos mais acordar e dormir sem antes nos preocuparmos um com o outro. Sem nossos olhares se encontrarem e nos dizerem a nossa verdade. Por hoje ainda somos bons amigos, mas quem sabe não seremos melhores amigos até o fim dos tempos? Talvez sejamos mesmo as peças que se completam, aquelas que faltavam em nossos próprios quebra-cabeças complexos.
Tenho tentado, aos poucos, me permitir a perder o medo antecipado de ser outra vez deixado para trás no meio do caminho. Mas eu mesmo já não sou assim mais tão jovem para ter medo de desfrutar de toda a vida que eu ainda posso ter pela frente. Então, como não tentar?
Espero ser mesmo a sua esperança.
E juntos poderemos suspender o tempo, tornando-o nosso. Não mais estaremos perdidos, nem nos sentiremos como que sozinhos neste mundo tão cheio e ao mesmo tempo tão vazio. Poderemos declarar o amor que ainda existe, firme e forte, em nosso peito, mantendo viva a luz que ainda temos dentro de nós.
Em cada beijo, em cada toque macio e deslizar dos dedos pelo rosto, em cada sorriso e lágrima derramada, em cada atitude, em cada olhar diremos: Você é mesmo real.


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terça-feira, 13 de março de 2018

46. Cultura do Medo



Uma nova ameaça chegou num pacote esta manhã.
O noticiário me fez tremer todo, ainda tomando meu café da manhã.
Não tenho estômago para encarar, assim tão cedo, tão dura realidade. A caminho do trabalho, implorarei para não sofrer, também, tamanha fatalidade.
Beijo meu filho e digo: fique longe desta porta. O perigo e o caos o querem longe de mim, do lado de fora.
Não abra nenhum pacote: pode ter anthrax. Temo tanto a morte, até de ser envenenado por gás.
No metrô, ninguém nem faz um único comentário. Só eu que ouvi o que ouvi no noticiário? Silêncio total. O medo fica cada vez maior em meu peito. Livrai-nos do mal. Todo mundo aqui me parece muito suspeito.
Meus colegas e amigos, meu próprio filho, meus próprios pais, todos os meus vizinhos... Todos eles parecem indiferentes ao meu tormento e aos nossos inimigos.
Perdi noventa amigos na faxina que fiz esta tarde. O problema é todo deles por não quererem enxergar a verdade. Eles são todos tolos, desonestos, um bando de escrotos. Pelo menos meu círculo social não mais federá a esgoto.
Digo ao meu mestre: imagine que louco seria um mundo sem carnaval. Sem música moderna, sem jogos eletrônicos, sem filmes nem livros mundanos, amantes de mãos dadas na rua, sexo anal.
Todos os problemas do mundo desapareceriam se este mesmo mundo imitasse meu exemplo. Sou apenas um homem tentando ser bom a maior parte do tempo. Sigo firme, minha consciência escondida sob a sombra do medo.
Eu tomo meu banho sagrado todo dia. Tento, de alguma maneira, manter a minha consciência limpa.
Pergunto ao meu mestre: meu filho deveria tomar a vacina? Todo dia tem sempre uma doença nova, invenção desta indústria da medicina.
Se você ao menos tentasse mais, talvez não se sentisse tão mal assim. Isto aí é só frescura, falta de Deus nesse seu coração, puro “mimimi”. Se ao menos esquecesse um pouco, talvez as pessoas não dissessem tanto que você é um louco.
Ninguém sério precisa de remédios para não cair. Preciso tomar essas pílulas aqui para conseguir dormir.
Uma nova ameaça chegou num pacote esta manhã.
Um medo novo foi injetado em mim logo no café da manhã.
No noticiário de hoje: mais alguém sofreu. Um novo medo cresceu em meu peito, correu em meu sangue, depois morreu. O noticiário de ontem já foi desmentido. Terei de adicionar de novo todos os meus amigos. Mas nenhum deles quer me aceitar de volta. Para eles, sou eu o verdadeiro perigo ou o verdadeiro idiota.
Meu filho passou por mim com uma cara de preocupado. Durante o jantar, minha esposa também não me disse muita coisa. Tento não pensar muito no que está errado. Sei que esteve chorando enquanto ela lavava e eu secava a louça.
Na manhã seguinte eu já temia outra coisa. O medo move meu mundo, o mundo do meu filho, da minha amante e o mundo da minha esposa.
Somos um contra todos e todos contra um.
Uns contra os outros.
E não sobrou nenhum.


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