sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

45. Sem Título



Não falarei mais de amor, quando este se esfriou e não mais desperta calor nestes pobres e endurecidos corações humanos. Tão distantes e tão desertos. Não há mais sentido em falar do luar e de sua hipnose natural, uma vez que o amor hoje em dia se encontra perdido e flutuante sob os satélites artificiais.
Não falarei mais de dor, uma vez que fiquei mais e mais anestesiado a cada manhã, vivendo trancafiado neste quarto escuro e imaginário, enquanto o mundo continua a gritar lá fora, indiferente aos gritos que eu abafei e guardei na caixa em meu peito.
Mais um novo dia começou errado de novo. Acordei torto outra vez, do lado errado da cama. Não consegui nem pensar em um título belo e poético para não sei qual mensagem quero expressar. Quero tão somente abrir meu peito e mostrar o que ainda restou de mim.
Lembrar de você me faz sorrir e logo em seguida desmanchar o sorriso que não durou nem meia lembrança. Não te encontrarei depois para compartilhar os bons momentos que a escuridão apagou junto a você. Seu rosto é um simples borrão de outra vida varrido pela chuva.
Estou sempre tão sozinho, e não me basto mais. Ninguém para segurar minha mão e aquecê-la até que a sensibilidade volte. Ninguém que me tire daqui e arranque de mim a solidão e a sensação de que falo com as paredes. Tem alguém aí do outro lado?
Eu rio, e choro, e grito e fico em silêncio.
Sou carne e desejo.
Sou humano, afinal.
Quero falar sem falar, pois a voz me trai ao se esconder nas intenções que nem eu mesmo sei dizer quais são. Queria soar como o trovão, mas minha voz se encontra nas palavras que não voam no ar.
Muitos tentaram, homens e mulheres ilustres e ordinários, atingir corações engaiolados por corpos insensíveis ao enigma da alma. Tentamos atingir corações com mensagens universais de natureza humana, mas eles ainda se sentem sozinhos. Como nós. Por este motivo falamos sempre de nós mesmos ao falarmos de todos.
Não quero mais falar de boas novas, quando tudo o que quero é ouvir a mesma frequência e escutar as mesmas vozes, e sentir os mesmos orgasmos sonoros acariciarem a mim com as mesmas lembranças de dias melhores.
Lembrar de você me faz sorrir e logo em seguida desmanchar o sorriso que não durou nem uma lembrança e meia. Você tinha medo de que eu não apenas me expressasse, mas também fosse consumido por meus pensamentos mais profundos e secretos. Tinha medo de não mais me compreender. E eu tinha medo de perder você de vista.
Ouço gente morta expressando tudo o que eu gostaria de dizer, cada palavra, sem olhares atravessados ou julgamentos precipitados ao usarem suas canções para exporem a minha alma. Quero poder sentir tudo de novo. Não quero esquecer:
Eu rio, e choro, e grito e fico em silêncio.
Sou carne e desejo.
Sou humano, afinal.
Estou de volta.
Não acordei nem eufórico nem histérico esta manhã para mostrar que ainda estou aqui, mas farei mais uma tentativa. Se eu me permitir. Se você se permitir o exercício da empatia, eu mostrarei que ainda estou aqui.
Quero falar sem falar, e dizer tudo o que preciso sem ter medo de sentir cada palavra sair. Vou aproveitar enquanto eu não sinto a inspiração doer em meus ossos. Estou anestesiado, mas ainda vivo para exercitar o que ainda restou de mim. Que, por favor, eu sinta de novo.
Não falarei mais de dor nem de amor enquanto o oceano não levar embora meus medos mais profundos, que eu venho guardando na caixa em meu peito. O medo tem sua própria voz, assim como a coragem de viver que se esconde na minha mente que teme se expressar.
Um dia eu me escondi, com medo de me sentir ridículo ao ser visto como humano outra vez. Sempre tive medo de ser notado pela plateia, mas eu ainda canto minha alma, oh, eu canto.
Não sei fazer rir quando estão olhando para mim, mas se eu me permitir, saberei rir de mim mesmo. Por hoje, basta saber falar sem falar e colocar a mim mesmo para fora e não deixar de lembrar que eu rio, e choro, e grito e fico em silêncio.
Sou carne e desejo.
Sou humano, afinal.
Estou de volta.


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