Sob ombros
encurvados,
o caminhar lento,
muito calculado,
neste mundo de Deus
ele é apenas um outro andarilho errante.
Tal como um rato
vagando entre elefantes,
com horror e
fascinação refletidos em seu olhar,
ele espanta
multidões,
derruba reinos e
nações,
faz todo um mundo
parar.
Como um mal que não
foi cortado pela raiz...
ele é uma mensagem
de infâmia que se espalha aos quatro ventos.
Uma notícia que
parece vir de um outro país...
Um dragão a ser
combatido,
às vezes confundido
com um distante
moinho de vento.
Mas na mesma
proporção em que é asqueroso,
ele é hipnótico,
persuasivo,
ligeiramente louco.
Não precisa nem
mesmo estar por perto:
quando quer, sem
encontrar grande resistência,
derrete o gelo de
algum peito ligeiramente aberto.
Mas para muitos ele
é só um golpista,
um maldito
amaldiçoado,
um artista
com tramas de
maldade,
um mero louco.
Um nome a ser
evitado:
quando dito em voz
alta, à boca vem o sabor amargo.
Como um canto de ave
noturna,
um nome de mau
agouro.
Seria ele um lobo em
pele de cordeiro,
ou cordeiro em pele
de lobo?
De verdade, não
importa!
Vejamos o que melhor
combina com sua natureza torta...
Na falta de nome, de
rosto, de traço,
vamos para sempre
chamá-lo de... Nefasto!
Nefasto!
De longe vem o
forasteiro explorar novos horizontes.
Nefasto!
Quem ele pensa que é
para vir amar tão longe?
Nefasto! Nefasto!
Seus olhos são de
raposa...
Nefasto! Nefasto!
… e o coração é
de galinha.
Ele não é nenhum
demônio libertado da garrafa,
mas o tratamos como
tal.
Ele é apenas um
grande homem com doces sonhos de menino,
doces sonhos
perdidos.
Não parece ter bem
a essência do mal.
Mas do nada
ele é o grito de
dor na calada da noite.
E o choro silencioso
na madrugada.
Sonha um mundo de
sonhos,
um tolo
conto de fada!
Ele é o Nefasto.
O seu amor é cruel
e trágico.
Tem o coração
triste,
de vidro
despedaçado,
e o medo de perder
de novo tudo o que ele mais ama.
Mas... ele é o
Nefasto!
Ele é cruel,
maquiavélico, sanguinário...
Ouvimos dizer que de
seu coração sai poesia.
Mas como não o
conhecemos...
não o entendemos...
Devemos, então,
sacrificá-lo!
Eis que vem...
Lá vem o Nefasto!
Nefasto! Nefasto!
Nefasto!
Tão jovem,
e ainda assim tão
nefasto!
Nefasto! Nefasto!
Nefasto!
E com todo o seu
amor...
Vamos, então,
sacrificá-lo!
E ainda assim, ele
será lembrado...
como sendo o eterno,
o eterno
Nefasto!
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