Perdoe-me pela ocasião em que quebrei sua confiança
ou por ter considerado falta de confiança em você quando fiz segredo de coisas
banais. Estive acorrentado muito tempo pelo tornozelo, arrastando-me pelo mundo
natural, primeiro não querendo ser visto, e depois sendo realmente ignorado à
luz do dia. Sou o fantasma de um homem vivo.
Eu simplesmente não sei lidar com pessoas, nem
consigo me misturar, mas preciso, dentro do meu tempo, resgatar minha vida, há muito
tempo esquecida. Preciso muito escutar novas realidades e viver novas
histórias.
Nas histórias contadas ao redor da fogueira,
conhecemos o sofrimento daqueles que fogem de forças obscuras, dos
sobreviventes, mas não nas histórias anteriores aos fantasmas. Toda boa
história tem seu fantasma: os resquícios de uma narrativa anterior.
Somos pessoas e histórias. Pessoas e fantasmas.
As pessoas não me veem e eu aprendi a não vê-las,
nem às suas histórias pontuadas por sorrisos perfeitos. Suas perfeições
aparentes me distanciam cada vez mais de minha própria humanidade. Quero
sacudir as pessoas e pedir para que se mostrem com suas imperfeições, mas sigo
com meu lamento não pronunciado. Ainda assim, quero que me vejam outra vez, não
mais como alguém que foge pelos cantos; mas ainda dói demais tentar ser humano.
Sou um fantasma repleto de fantasmas, consumido
pelas revoltas e gritos internos não ouvidos. Não sou nenhum coitado, mas fui
treinado a pensar que estou sempre errado.
Ser o mal absoluto, segundo meu espírito inquieto,
seria uma justificativa para todos os males que não pedi para mim. Não, não
são. O meu presente não tem culpa pelo meu passado.
Praticar a auto sabotagem já não deveria ter parte
com meus planos de seguir em frente.
Ficar em paz não deveria ser sinônimo de continuar
(a me fazer de) invisível.
Espero, muito sinceramente, que eu não assombre seus
sonhos, transformando-os em pesadelos amargos, mas em sonhos doces.
Tenha, por favor, um pouco mais de paciência: logo
mais voltarei à superfície e não tentarei não tropeçar mais na direção deste
poço de inseguranças.
Até ontem eu ainda era um menino tentando não morrer
perdido na loucura da vida adulta. Flertando com a morte, que assoprou para
longe uma parte boa de mim, como se fosse algo de outra vida.
Sou a prova viva de que existe vida após a morte,
pois sempre voltei à superfície da vida depois de me sentir morto de novo; mas,
até então, eu não tive uma mão forte o bastante para me segurar e não mais me
empurrar de volta à escuridão. Ou minhas mãos estão fracas demais para me
segurar aos dedos que tentam apertar os meus.
Nem mesmo pude ajudar a quem precisou de mim, ainda
que escolhas tenham sido feitas, e eu não tive muito que fazer.
Talvez você devesse se perguntar se não sou somente
fruto da sua imaginação. Eu mesmo pergunto a mim mesmo se eu não sou minha
própria imaginação.
Mas não é o que minha carne me diz quando sinto as
dores da existência.
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