quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

6. Língua Ferina e Dedos Afiados



Sabe, excetuando-se pelas suas demais características tangíveis, hoje em dia não é mais tão simples assim separar os dedos da língua. Praticamente não existe uma maior diferença entre eles.
É a mesma coisa que acontece, por exemplo, e isso em muitos casos, entre a boca e aquele tão famoso orifício de onde os dejetos são expelidos em momentos de privacidade; e eis aqui um fato realmente curioso a respeito destes momentos: sabe-se que todos os experimentam, e que às vezes são mencionados, e até podem render longos papos e risadas prolongadas, mas quando de fato acontecem, as pessoas sempre os têm com a porta trancada, a fim de preservarem a privacidade que possuem por direito e que provavelmente deveria ter sido incluído na constituição.
De maneira natural, a grande maioria simplesmente não consegue misturar o conhecimento de tais momentos íntimos com uma indesejada vigilância alheia, a menos que as pessoas envolvidas tenham lá o seu espírito de porco — isso não vem ao caso. Mas quando se trata do momento de trazerem à tona o que há dentro de si, certos indivíduos expelem palavras e ideias igualmente grosseiras, fétidas e repulsivas de suas bocas, e isso sem o menor pudor ou um mínimo de ponderação.
Pode-se sentir o cheiro a quilômetros de distância.
E tal ação, na qual a língua tem a sua devida parte, ela também vem se espalhando por dedos humanos, e tem se espalhado cada vez mais pelo mundo afora.
A ação de falar sem pensar em causa e efeito.
Um ato constantemente protegido pelo escudo do anonimato.
De qualquer modo, para o inferno com os moralismos!
Bem sei e reafirmo que o teto é sempre de vidro, e jamais blindado.
Mas eu também sei que essa liberdade em se dizer o que se pensa pode ter um súbito fim se você não souber usufrui-la com um mínimo de sabedoria. Não me refiro a se valer de meias-palavras ou sobre ser dissimulado(a), mas a respeito de saber o que diz.
Hoje em dia você tem o recurso de olhar para um espaço em branco e para um cursor piscando na tela e bem diante de seus olhos, e você ainda tem tempo e o poder de refletir antes de eternizar tuas palavras – sim, pois na velocidade em que as informações se espalham, mais depressa que o bater das asas de um beija-flor, enganamos a nós mesmos ao pensarmos que ninguém viu o que foi escrito antes de clicarmos em “excluir”. Antes disso, você ainda pode escolher as melhores palavras, do mesmo modo como seleciona as melhores frutas em sua ida à feira ou ao supermercado, e elas podem ser doces, ácidas ou mesmo amargas, com o seu sabor servindo a seus devidos propósitos: ser doce quando tiver de ser, ser ácido ou amargo quando for necessário.
Você pode escolher entre ser cru ou mais sofisticado nas palavras.
Faça a sua escolha.
Plasticamente, suas palavras podem ser belas ou podem soar como pura cacofonia, pura grosseria ou delírio, mas você pode manipulá-las segundo à tua vontade, e pode organizá-las de acordo com o teu nível de conhecimento, de maturidade ou mesmo de vontade e paciência.
Pode significar a diferença entre ser aplaudido ou ser sumariamente esmagado(a) feito um inseto quando for confrontado(a).
Mas a essência do que diz ainda estará lá. Não há muito o que controlar quanto a isso, a menos que você esteja mentindo a respeito, e isso é por sua conta.
O pior de tudo é se um dia farejarem um odor interno em você, presente em tua alma.
Ou pior, se você perceber isso em si mesmo. E não há porta fechada que possa sempre domar tamanho odor. Isso acaba ficando impregnado em você.
Já os dedos e a língua são meras ferramentas em meio a tudo isso.

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