segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

5. Relacionamentos Baseados em Interesses



Primeiramente, permita-me dizer isto: todos os relacionamentos, sejam os amorosos, os fraternos ou até mesmo as relações profissionais, eles são baseados em interesses, e isso não é necessariamente ruim. Os interesses, sim, esses variam.
Mesmo a tua necessidade em apenas ter por perto alguém para amar (e que ame você!), independentemente de quaisquer fatores externos ou financeiros, isso por si só é um interesse. Ou então a vontade de ter um ombro amigo no qual você possa molhar com lágrimas de alegria ou de tristeza. Ou então uma boa interação com seu chefe e seus colegas de profissão.
Intenções iniciais movem as interações humanas, ainda que às vezes tais intenções sejam desconhecidas ou que as interações surjam acidentalmente.
Dito isso, vamos à reflexão da vez:
Essa é uma tendência fortíssima que por vezes eu testemunho desde os anos de 1990 em diversos programas de TV: reality shows formadores de relações amorosas.
Quem não se lembra das noites de domingo e de programas como “Em Nome do Amor”? Neste, homens e mulheres que procuravam uma oportunidade de relacionamento sério com alguém do sexo oposto se inscreviam e eram submetidos a provas e dinâmicas, tudo com um clima de romance ainda ligeiramente inocente, ainda que fossem adultos; e o programa, se não me falha a memória, terminava com uma dança lenta entre os participantes e depois com um momento em que os pares formados decidiam se queriam namoro ou amizade, sendo que quando diziam “namoro”, saíam dali realmente como namorados, ou assim parecia ser.
Não havia refletido a respeito por um bom tempo, mas conforme tal tendência vem aumentando durante os últimos anos com reality shows variados, incluindo esses de relações amorosas, fico pensando na banalização dos conceitos de amor e relacionamento, no quão explícitos os interesses que nunca formaram a verdadeira alma de um relacionamento têm se tornado, principalmente diante das câmeras de emissoras de televisão.
Se nos anos de 1990, Em Nome do Amor apresentava a ideia de que completos desconhecidos até aquele momento poderiam sair juntos do programa como se se conhecessem suficientemente para definir que o outro valia a tentativa de um relacionamento sério, o que vejo hoje me deprime. E muito.
Entenda, nunca será a minha intenção vir aqui com moralismos baratos, até porque todos sabem o que querem para si e como podem tentar conseguir tal coisa, e também porque o teto é sempre de vidro. Mas eu gostaria que refletissem um pouco a respeito da seguinte questão:
Pessoas anônimas se candidatam a uma vaga no “coração” de uma pessoa anônima (ou não) específica, então os(as) candidatos(as) se apresentam em um minuto, basicamente contando quais são seus interesses ou que tipos de atividades gostam de fazer. E quando se trata de um homem querendo sair com uma entre não sei quantas mulheres que decidem se ele é aceitável ou não, perceba que entre piadas e risos, o que fica mais evidente ali são os interesses que as moçoilas têm no dinheiro ou no tipo de balada frequentada pelo rapaz; eu sei que nem todas as mulheres no mundo se baseiam nisso, mas não podemos negar que nesses programas eles fazem questão de reunir aquelas que fazem esse tipo específico.
E esses quadros e programas podem variar um pouco entre si, mas seguem basicamente a mesma fórmula: interesses, interesses, interesses. E não dos tipos mais profundos, diga-se de passagem, mas não daria mesmo para esperar algo diferente em programas que possuem o único propósito de entreter. Isso por si não é um pecado, ainda que não concordemos com os valores apresentados.
Mas deixo aqui a seguinte pergunta: eles realmente acreditam que podem definir um início de relacionamento baseando-se em informações superficiais de candidatos?
Eu mesmo me incomodaria se tudo o que soubessem de mim nessa triagem fosse unicamente a respeito de meus passatempos ou da resposta para aquela perguntinha querida: “Faz o quê na vida?”
Bom, até porque dificilmente eu participaria de algo assim; seria hipocrisia e desespero de minha parte, uma vez que estou questionando a respeito.
Voltando ao que apontei no início: sim, todos os relacionamentos são baseados em interesses; ou melhor dizendo, costumam surgir de intenções iniciais.
Por exemplo, algumas pessoas com quem apenas troquei ideias inicialmente ou que busquei para ter atividades de qualquer natureza juntos, ou mesmo pessoas com gostos semelhantes aos meus, conforme o nosso convívio tornava-se mais claro e desenvolvido, todas elas se tornaram muito importantes e especiais para mim em suas devidas proporções. Neste ponto, os simples interesses iniciais se tornam apenas mais um detalhe entre tantos outros valores cultivados em tais amizades.
Entendeu?
Eu sei, o que vem depois do programa é por conta dos participantes, assim como na vida é de nossa conta e das pessoas com quem nos relacionamos tudo o que vier depois de as relações se tornarem possíveis. Mas no caso dos programas, o meu grande incômodo é com a apresentação e troca de informações dos seres envolvidos nesta “triagem televisionada”. Na superficialidade disso.
Sei que isso dificilmente entreteria, mas eu proporia que fizessem um programa em que, sim, os candidatos pudessem falar de interesses superficiais, mas que o programa cedesse um grande espaço para que eles mostrassem suas essências como pessoas, ainda que a maioria tenha medo de ser visto como realmente é. Questão de privacidade e que deve ser respeitada.
Mas verdade seja dita: nenhum relacionamento torna-se duradouro baseando-se unicamente naquelas informações iniciais.


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