terça-feira, 3 de dezembro de 2013

4. "Faz O Quê Na Vida?"




 Como eu amo o tom implícito nessa pergunta! Só que não.
Como se a vida se resumisse apenas ao trabalho — que, sim, é importante, mas não é a única coisa de que o homem é feito.
Quando uma pessoa costuma perguntar com essas exatas palavras se você trabalha ou estuda, cria-se uma ilusão de que é uma pergunta que abre um leque de possibilidades, mas na verdade é apenas limitadora. Dá a impressão de que a pessoa quer saber o que você faz apenas para medir se você é de nível baseando-se unicamente em sua profissão. Uma coisa é perguntar se a pessoa faz alguma atividade ou mesmo se trabalha ou estuda, e isso dentro de uma conversa em andamento, quando já existe o entrosamento; outra muito diferente é lançar aleatoriamente essa pergunta para medir primeiras impressões baseando-se apenas no nível da profissão de um sujeito.
Não é minha intenção ser radical com isso, por mais que isso soe assim. Sei que às vezes as pessoas perguntam mais por curiosidade mesmo, e às vezes usam essas exatas palavras porque já estão na ponta da língua, o que é compreensível, mas repito que o homem não é feito apenas do trabalho.
O trabalho tem de servir como um elemento edificante, mas não como essência do homem.
E (vendo agora pelo lado inverso) o trabalho também não deve ser visto como um deus a quem os homens pagam uma constante penitência, que faz uma pessoa tentar provar do que é feita, de quanto ela vale simplesmente baseando-se no sofrimento afligido por um emprego por ela detestado. Quando se fala em trabalho, certas pessoas o encaram como um castigo, não como algo de grande necessidade. Qual é mesmo uma das primeiras coisas que falam para uma pessoa quando ela diz sandices? "Você não tem louça para lavar?" E apesar de ser uma pergunta aparentemente simples, consigo ver implícito aí um "fator castigo", não porque lavar a louça é importante, mas depositam nessa ação (que sim, admito, é bem chata, apesar de essencial) um peso desnecessário.
Encaro que o trabalho deve vir como justo e proporcional ao que a pessoa busca para si e ao que suas aspirações indicam... nem mais, nem menos. Eu sei que é tudo muito concorrido e às vezes a situação é difícil, o que justifica a pessoa ter de arrumar alguma ocupação que muitas vezes não é de seu gosto, até mesmo para poder sobreviver, mas não justifica esse senso de superioridade sobre os outros baseando-se no quão “merda” é o seu emprego, assim como no quão rentável é porque você escolheu para si aquelas profissões do alto escalão. Cada um tem para si aquilo que lhe cabe.

"Ah, mas você diz isso tudo porque não tem família e filhos para cuidar, ou mesmo irmãos, dívidas a pagar, etc."

Exatamente. Não tenho justamente porque eu sei que, por ora, não tenho estrutura para tais coisas. Para isso há uma coisa chamada planejamento, já ouviu falar? Existe algo chamado saber o que estou fazendo. Sou solteiro, sem filhos e evito acumular dívidas desnecessárias. E, apesar de detestar ser filho único por causa da solidão, isso me torna privilegiado no sentido de eu poder calcular melhor os rumos que levo, de poder investir meu tempo e esforço naquilo que mais gosto ou sou bom, nas coisas em que sinto estar minha verdadeira vocação (e que não é diversão o tempo todo, ao contrário do que possam pensar).
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